13 de outubro de 2025

Francisco Beltrâo

Fale conosco
Cotidiano

Nobel de Literatura 2025 consagra “mestre do apocalipse” húngaro por obra que reafirma o poder da arte

László Krasznahorkai, autor de Sátántangó e ícone da literatura contemporânea, é reconhecido pela Academia Sueca por sua escrita visionária e impactante

Nobel de Literatura 2025 consagra “mestre do apocalipse” húngaro por obra que reafirma o poder da arte
© Divulgação/comitê do Nobel

O Prêmio Nobel de Literatura de 2025 foi concedido nesta quinta-feira (9) ao romancista e roteirista húngaro László Krasznahorkai, “pela sua obra convincente e visionária que, em meio a um terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”, segundo o anúncio oficial feito em Estocolmo pelo Comitê do Nobel.

Nascido em 1954, na pequena cidade de Gyula, no sudeste da Hungria, próxima à fronteira com a Romênia, Krasznahorkai construiu uma trajetória literária marcada por intensidade, profundidade e crítica social. O cenário rural e isolado de sua infância inspirou seu primeiro romance, Sátántangó, publicado em 1985, considerado uma obra revolucionária na literatura húngara. O livro foi adaptado para o cinema em 1994, em parceria com o renomado diretor Béla Tarr, resultando em um filme cultuado por críticos e cinéfilos.

Reconhecido pela escritora americana Susan Sontag como o “mestre do apocalipse” da literatura contemporânea, Krasznahorkai consolidou sua fama internacional com o segundo livro, A Melancolia da Resistência (1989), no qual explora o caos e a decadência social sob uma linguagem densa e poética.

Sua produção inclui um quinteto de épicos e uma coletânea de 17 contos que discutem o papel da beleza e da criação artística em um mundo cada vez mais cego e indiferente. A influência de suas viagens à China e ao Japão também é evidente, refletindo o diálogo entre filosofia oriental e o pensamento europeu em sua escrita.

O prêmio de Krasznahorkai sucede o da autora sul-coreana Han Kang, vencedora do Nobel de Literatura de 2024. Desde 1901, a Academia Sueca já concedeu 118 prêmios nessa categoria, sendo que 18 laureadas foram mulheres e quatro prêmios foram divididos entre múltiplos autores.

Os anúncios do Nobel 2025 começaram na segunda-feira (6) com a Medicina, seguida pela Física e Química. O Nobel de Medicina foi atribuído aos pesquisadores Mary Brunkow, Fred Ramsdell e Shimon Sakaguchi, pelas descobertas sobre a tolerância imunitária periférica. Na terça-feira (7), o Nobel de Física foi concedido aos cientistas John Clarke, Michel Devoret e John Martinis, pela descoberta do efeito túnel quântico macroscópico e da quantização de energia em circuitos elétricos. Já o Nobel de Química, anunciado ontem (8), reconheceu Susumu Kitagawa (Japão), Richard Robson (Austrália) e Omar M. Yaghi (EUA) pelo desenvolvimento de estruturas metalorgânicas.

Com o anúncio de hoje, o ciclo de prêmios Nobel de 2025 segue reafirmando a importância da ciência e da arte como pilares da compreensão humana — e, no caso de László Krasznahorkai, como instrumentos para resistir ao apocalipse através da literatura.

/VS - Foto: Divulgação/comitê do Nobel

Mais Lidas